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Após ter passado bastante tempo a ler os filósofos nas entrelinhas e a inspecionar até a raiz das unhas, terminei por me dizer que a maior parte do pensamento consciente deve também ser incluída entre as atividades instintivas, sem excetuar até mesmo o pensamento filosófico. É necessário aqui aprender a julgar de outra forma, como já foi feito com relação à hereditariedade e aos “caracteres adquiridos”. Do mesmo modo que o ato do nascimento tem pouca importância no conjunto do processo hereditário, assim também o fato da “consciência” não se opõe, de uma forma decisiva, aos fenômenos instintivos – a maior parte do pensamento consciente de um filósofo é secretamente governada por seus instintos e forçada a seguir uma via traçada. Atrás da própria lógica e da aparente autonomia de seus movimentos, há avaliações de valores, ou me expremir claramente, exigências físicas que devem servir para a manutenção de um determinado gênero de vida. Afirmar, por exemplo, que o determinado tem mais valor que o indeterminado, a aparência menos valor que a “verdade”: semelhantes avaliações, apesar da importância normativa que têm para nós, não poderiam ser senão avaliações de primeiro plano, uma espécie de tolice, útil talvez para a conservação de seres como nós. Se for admitido, naturalmente, que o homem não é a “medida das coisas”...
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Creio que o que Nietzsche diz aqui é que dentre os inúmeros achismos de um filósofo, suas expêriencias de vida, seus “quereres” (haha) influenciam e muito a sua opinião final, fazendo com sua opinião seja confortável pra o próprio filósofo.
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