quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Nietzsche - Além do Bem e do Mal 03

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Após ter passado bastante tempo a ler os filósofos nas entrelinhas e a inspecionar até a raiz das unhas, terminei por me dizer que a maior parte do pensamento consciente deve também ser incluída entre as atividades instintivas, sem excetuar até mesmo o pensamento filosófico. É necessário aqui aprender a julgar de outra forma, como já foi feito com relação à hereditariedade e aos “caracteres adquiridos”. Do mesmo modo que o ato do nascimento tem pouca importância no conjunto do processo hereditário, assim também o fato da “consciência” não se opõe, de uma forma decisiva, aos fenômenos instintivos – a maior parte do pensamento consciente de um filósofo é secretamente governada por seus instintos e forçada a seguir uma via traçada. Atrás da própria lógica e da aparente autonomia de seus movimentos, há avaliações de valores, ou me expremir claramente, exigências físicas que devem servir para a manutenção de um determinado gênero de vida. Afirmar, por exemplo, que o determinado tem mais valor que o indeterminado, a aparência menos valor que a “verdade”: semelhantes avaliações, apesar da importância normativa que têm para nós, não poderiam ser senão avaliações de primeiro plano, uma espécie de tolice, útil talvez para a conservação de seres como nós. Se for admitido, naturalmente, que o homem não é a “medida das coisas”...

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Creio que o que Nietzsche diz aqui é que dentre os inúmeros achismos de um filósofo, suas expêriencias de vida, seus “quereres” (haha) influenciam e muito a sua opinião final, fazendo com sua opinião seja confortável pra o próprio filósofo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Dez coisas que levei anos para aprender...

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom ou empregado, não pode ser uma boa pessoa. (Esta é muito importante. Preste atenção, nunca falha).

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas. (Está cheio de gente querendo te converter!).

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance. (Na maioria das vezes quem está te olhando também não sabe! Ta valendo!).

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca. (Deus deu 24 horas em cada dia para cada um cuidar da sua vida e tem gente que insiste em fazer hora-extra!).

5. Não confunda sua carreira com sua vida. (Aprenda a fazer escolhas!).

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite. (Quem escreveu deve ter conhecimento de causa!).

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria 'reuniões'. (Onde ninguém se entende.....)

8. Há uma linha muito tênue entre 'hobby' e 'doença mental'. (Ouvir música é hobby... No volume máximo às sete da manhã pode ser doença mental!).

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito. (Que bom!)

10. Lembre-se: nem sempre os profissionais são os melhores. Um amador construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic. (É Verdade!).

Uma última, mas não menos sábia.

'Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que outra pessoa morra.'

Willian Shakespeare.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Nietzsche - Além do Bem e do Mal 02


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“Como uma coisa poderia nascer de seu contrário? Por exemplo, a verdade do erro? Ou a vontade do verdadeiro da vontade do erro? O ato desinteressado do egoísta? Ou como a contemplação pura e radiante do sábio nasceria da cobiça? Semelhantes origens são impossíveis; seria loucura pensar nisso, até pior. As coisas de mais alto valor devem ter outra origem, uma origem que lhes seja peculiar – não poderiam ter saído desse mundo passageiro, falaz, ilusório, desse labirinto de erros e de desejos! É, pelo contrário, no seio do ser, no imutável, na divindade oculta, na “coisa em si” que se deve encontrar sua razão de ser e não em qualquer outro lugar!”

Essa forma de apreciar constitui o preconceito típico com o qual são realmente reconhecidos os metafísicos de todos os tempos. Essas avaliações se encontram na base de todos os seus procedimentos lógicos; é a partir dessa “crença” que se esforçam para atingir seu “saber”, para alcançar alguma coisa que , finalmente, é solenemente proclamada “verdade”. A crença fundamental dos metafísicos é a crença na oposição dos valores. Os mais instruidos dentre eles jamais pensaram em levantar dúvidas desde o início, quando isso teria sido mais necessário: ainda que tivessem feito voto de “omnibus dubitandum” (Expressão latina que quer dizer: deve-se duvidar de tudo [N. do T.]). Pode se perguntar, com efeito, primeiramente se de uma forma geral, existem contrários e, em segundo lugar, se as avaliações e as oposições que o povo criou para criar os valores, aos quais a seguir os metafísicos colocaram sua marca, não são talvez avaliações superficiais, perspectivas momentâneas, projetadas, dir-se-ia, do fundo de um canto, talvez de baixo para cima, perspectivas de rã, de algum modo, para empregar uma expressão familiar aos pintores? Qualquer que seja o valor que se atribua ao verdadeiro, ao verídico, ao desinteressado, poderia muito bem acontecer que se devesse atribuir à aparência, à vontade de enganar, ao egoísmo e à cobiça, um valor superior e mais fundamental para toda a vida. Além, do mais, seria ainda possível que aquilo que constitui o valor dessas coisas boas e reverenciadas consistisse precisamente em que elas são aparentadas, ligadas e emaranhadas de uma forma insidiosa e talvez até mesmo idênticas às coisas más, aparentemente contrárias. Talvez! – mas quem, portanto, se ocuparia de um tão perigoso “talvez”! É preciso esperar, para isso, a chegada de uma nova espécie de filósofos, daqueles que são animados de um gosto diferente, qualquer que seja, de um gosto e de uma inclinação que difeririam totalmente daqueles que estiverem em curso até aqui – filósofos de um perigoso “talvez”, sob todos os aspectos. E para falar seriamente: já os vejo chegando, esses novos filósfos.

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Falaz: adj. Enganador, ardiloso, fraudulento, ilusório: argumento falaz.

No primeiro parágrafo Nietzsche começa se perguntando a origens das, como eu entendo, vontades. Perguntando-se se uma vontade pode ter sua origem em seu contrário. Mas diz logo em seguida não é isso o que acontece, que essas vontades existem por si só.

Antes de começar o segundo parágrafo, mais um dados que considero útil.

Metafísica: em resumo, a Metafísica trata de problemas sobre o propósito e a origem da existência e dos seres. Especulação em torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser. Muitas vezes ela é vista como parte da Filosofia, outras, se confunde com ela. (para mais detalhes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Metafísica, é claro)

Perspectiva de rã é uma técnica de desenho ou fotografia, por exemplo: http://fotot.jarvenpaa.net/en/0000000109 .

Vejamos, o que a é colocado no começo do segundo parágrafo é que os metafísicos, apesar de terem se colocado a obrigação de duvidar de tudo, não questionam esse princípio de contrários, usam-no como uma regra. Mas coloca logo em seguida a questão, se essas observações foram feitas com calma, se esta definição de contrário talvez tenha surgido de uma epifania de um grego sentado sobre uma pedra, que em certo momento gritou: aha! É isso, e ponto.

E de fato, no meu ver, como Nietzsche continua, que os valores de cada vontade possam ser iguais, e não contrários, que simplesmente os tratamos como diferentes por suas “aparência”.

E o parágrafo termina com um quase desejo do surgimento de novos filósofos, que não aceitam efetivamente nada como certo ou fundamental. Nietzsche acredita que eles estão aparecendo, eu não sou um estudioso dessa área, só um curioso, portanto, até aqui não ouso supor quem possam ser esses filósofos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mulheres de 30 --- Aiai...


O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz:

'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'.

Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'. E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40?

Mas voltemos a nossa mulher de 30, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30 bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40. E o que mais encanta nas de 30 é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha!

A mulher de 30 está para se separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o segundo e definitivo.

grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal. As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar.

Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar.

O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anos, toda de branco, com o estetoscópio balançando no decote de seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de 30 guiando jipe? Covardia.

A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30?

Mas o que mais me encanta nas mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, à hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.

São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam.

Chegam lá atrás, no Balzac: 'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'.

Ponto. Pra elas.

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Coloquei este texto afim de homenagear as "trintonas" que conheci e que são assim, e desejar que as que hoje tem seus vinte e poucos, cheguem lá como elas.

O texto é de Mario Prada e a ilustração de Rodrigo Pereira e podem ser conferidos no seguinte link:

http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,,EPT670368-2813,00.html

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Nietzsche - Além do Bem e do Mal 01

Primeira Parte

Preconceitos dos filósofos

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A vontade da verdade, que nos poderá levar ainda a muitas aventuras, essa famosa veracidade de que todos os filósofos até agora falaram com veneração, quantos problemas essa vontade da verdade já nos levantou! Quantos problemas singulares, graves e dignos de serem postos! Já é uma longa história – e, no entanto parece que acaba de começar. Que haveria de estranho, se acabássemos por nos tornarmos desconfiados, se perdêssemos a paciência, se nos tornássemos impacientes? Aprendemos, nós também, desssa esfinge a nos questionarmos; quem nos viria aqui precisamente a nos questionar? Que parte de nós mesmos tende à “verdade”? – De fato, nós nos detivemos longamente diante da razão dessa vontade – até que acabamos por nos deter diante de uma pergunta mais importante ainda. Nós nos perguntamos então sobre o valor dessa vontade. Pode ser que desejemos a verdade; por que não haveríamos de preferir a não-verdade? – o problema do valor se apresentou a nós – ou melhor, fomos nós que nos apresentamos a esse problema? Quem de nós aqui é Édipo? Quem, a esfinge? Ao que parece é um verdadeiro encontro de problemas e de questões. – e poder-se-ia crer nisso? No fim das contas, parece que o problema jamais foi colocado até agora, que fomos os primeiros a percebê-lo, a considerá-lo, a assumir o risco de tratar dele. De fato, é um risco a correr e, talvez, o maior de todos.

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Começando. Confesso que quando li esse prarágrafo umas das primeiras coisas que me passaram pela cabeça foi, o que ele quis dizer com Esfinge, e o que Édipo tem haver com tudo isso?

Bom, pra isso serve a internet, aí vai uma breve explicação:

A esfinge era um monstro alado com corpo de mulher e leão que afligia a cidade de Tebas. Primeiramente apresentava aos homens o seguinte enigma: “Que animal anda pela manhã sobre quatro patas, a tarde sobre duas e a noite sobre três?” como nenhum dos homens conseguiu decifrar tal enigma, a esfinge os devorava.

Isso ocorreu até que Édipo, filho de Laio enfrentou a esfinge e conseguiu decifrar seu enigma respondendo: “O homem, pois engatinha na infância, anda ereto na idade adulta e necessita de bengala na velhice.”

Com seu enigma decifrado, a esfinge sofreu uma grande frustração, jogou-se num precipício e pereceu.

Texto retirado do seguinte site:

http://www.brasilescola.com/mitologia/esfinge.htm

Não achei referências sobre o autor. Mas continuando. Vejamos, parece que ele coloca que nós nos pusemos a querer a verdade. Que embora saibamos o grande risco de se tentar buscar a verdade, ainda assim a queremos. Mas ele coloca também a questão sobre de onde vem a vontade de querer a verdade, e porque não querer a não verdade. E que embora os filósofos já venham discutindo há séculos o tema, ele parece sempre novo e pronto para mais provações.

A sim, outra coisa que é falada é sobre o valor da verdade. Quem dá a verdade a veracidade que ela possuí.

Acho que fica evidente, ainda mais comigo praticamente reescrevendo os texto com outras palavras, que esse parágrafo é introdutório. Isso deveria ser evidente, haja vista que se trata do primeiro, haha, mas enfim, já li parte do livro previamente, e garanto que ele se aprofunda de maneira bem interessante nos temas que propõe. Espero logo ter tempo para continuar.

Até mais.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Velas a todo vento!!!

Digo que este ano já começa animado!! Muitas novidades para mim nesse primeiro mês, haha, novidades boas, outras nem tanto, muitas vontades novas, haha, mas nada que fuja do normal de qualquer pessoa... Claro, qualquer pessoa como eu, haha... Enfim. Embora esse não seja a abordagem que quero ter em meus temas, queria discorrer sobre um desejo que já tenho há alguns anos:

Entender o que o Nietzsche quer dizer!!

Mesmo que se ao fim dessa empreitada, se eu conseguir escrever o nome dele sem consultar a capa, já será uma vitória, sem dúvida!! Haha!!

Mas o que eu planejo, o que eu quero dizer com entender Nietzsche. Meu plano se baseia no seguinte, pegar seu livro e interpretar cada trecho. O que fica fácil em termos de planejamento, haja vista que divide seu pensamentos em partes numeradas, ou pelo menos, são assim nos livro que adquiri.

Pretendia começar com Humano Demasiado Humano, mas não achei ele, deve estar escondido dentro de algum criado mudo. Mas por sorte em cima do armário estava lá, simples e sorridende, meu pequeno exemplar de Além do Bem e do Mal, adquirido em umas das máquinas de doces, que agora vendem livros, que ficam na estação da luz.

Porque fazer isso? Sempre considerei Nietzsche uma literatura extremamente pesada e difícil, mas como sempre falam tanto dele, fiquei curioso em saber de fato o que ele diz, e logicamente, dividir isso com quem quiser ouvir. Embora, desta vez, quando re-li o começo de além do bem e do mal, já não me parecia tão difícil como há alguns anos. Bem, acho que foi o tempo fazendo o papel dele de amdurecer as coisas, espero estar certo, haha.

Bom, não farei compromisso total com esse projeto, mas pretendo sempre postar meu pontos de vista sobre o livro o quanto mais possível...
Enfim, aguardem, haha... Ah, sim, espero críticas...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A mente apaga os registros duplicados

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.

Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio.... você começará a perder a noção do tempo.

Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:

Nosso cérebro é extremamente otimizado.

Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.

Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.

Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo.

É quando você se sente mais vivo.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas..

Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.

Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.

Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.

Como acontece?

Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência).

Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noçãode passagem do tempo.

Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.

Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -.... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.

Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...

ROTINA

A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque).

Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.

Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja diferente.

Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos... em outras palavras... V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.

E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.

Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

Por Airton Luiz Mendonça

(Artigo do jornal O Estado de São Paulo)